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Luís de Lima |
Ator, mímico, encenador, professor, produtor, tradutor e diretor com sólida formação europeia, Luís de Lima figura como um dos artistas mais cultos do teatro brasileiro. É dele a façanha de tornar popular no Brasil, o autor francês Eugène Ionesco, o mestre do teatro do absurdo.
Luís José Lima da Silva nasceu em Lisboa, Portugal no dia 27 de junho de 1925. Graças a uma bolsa de Estudos fornecida pelo governo francês após a Segunda Guerra Mundial, ele estudou no Conservatório de Arte Dramática de Paris, onde foi aluno dos atores franceses Louis Jouvert, Henri Rollan e Pierre Renoir. Também estudou na Escola de Mímica Etienne Decroux e cursou a disciplina de estética na Faculdade de Letras da Sorbonne. Como mímico, trabalhou com Marcel Marceau, se apresentando em turnês na Europa e nos Estados Unidos. Na França, participou ainda do elenco do especial para a televisão “Alice no País das Maravilhas“ e atuou no filme “O Salário do Medo”, ao lado da atriz brasileira Vera Clouzot.
Em 1953, trocou Paris por São Paulo quando foi convidado por Sábato Magaldi para ministrar aulas de interpretação na Escola de Arte Dramática (EAD). O primeiro trabalho mostrado no país foi “O Escriturário”, solo de mimodrama escrito, dirigido e interpretado por ele, recebendo o Prêmio Governador do Estado pela direção. Em 1954, recebeu o Prêmio Saci pela direção de “A Descoberta do Mundo”, de Morvan Loebesque. Em 1956 fundou a Companhia Mímica Profissional no Teatro Maison de France, no Rio de Janeiro.
Luis de Lima permaneceu no universo da mímica de pequenos quadros até 1957, quando encenou o espetáculo “Ionesco”, reunindo as peças “A Lição” e “A Cantora Careca”, dois textos curtos do dramaturgo, que ele traduziu, adaptou, interpretou e dirigiu. Seu desempenho na personagem do Professor da primeira peça lhe valeu a medalha de ouro da Associação Brasileira de Críticos Teatrais, ABCT. Em 1960, retomou a obra de Ionesco, abordada sob o ângulo da mímica, com a montagem de “As Cadeiras” e “A Lição”.
No início da década de 60, retornou a Lisboa, onde testou sua técnica com a dramaturgia de Samuel Beckett em “Ato Sem Palavras” e “A Última Gravação de Krapp”. De volta ao Brasil, integrou durante dois anos, no Teatro Maria Della Costa (TMDC), o elenco da peça “Armadilha Para Um Homem Só” de Robert Thomas. Em 1963, estreou “Oito Mulheres”, de Robert Thomas, dirigindo um elenco de atrizes de primeira linha: Dulcina de Moraes, Maria Fernanda, Margarida Rey, Iracema de Alencar, Jurema Magalhães, Alzira Cunha, Suely Franco e Sônia Morais. Em 1965, elaborou, com Domingos Mascarenhas, um roteiro composto de fragmentos de Gil Vicente; Martins Pena; Antônio José da Silva, o Judeu; Ariano Suassuna e Bertolt Brecht, intitulado “Mestre Gil Quinhentão”. Em 1968, recebeu o Prêmio Ibeu pela produção, tradução e direção de “O Preço”, de Arthur Miller.
Nos anos 1970, atuou em “Casa de Bonecas”, de Henrik Ibsen, ao lado de Tônia Carrero e direção de Cecil Thiré, em 1971; “A Gaivota”, de Anton Tchekhov, na elogiada encenação de Jorge Lavelli, produzida pela Companhia Tereza Rachel em 1974, mesmo ano em que adaptou o texto do Grupo Opinião, “Liberdade, Liberdade”, para viajar a Lisboa. Em 1976, trabalhou como ator na versão de Millôr Fernandes para o original de Carlo Goldoni, “Arlequim, Servidor de Dois Amos”, que foi rebatizada para “Vivaldino, Criado de Dois Patrões” e em 1978, atuou em “Os Veranistas”, de Máximo Gorki, com direção de Sergio Britto, no Teatro dos Quatro, no Rio. No ano seguinte, sob a direção de Adolfo Celi, trabalhou em “Teu Nome É Mulher”, de Marcel Mithois, novamente com Tônia Carrero e em Lisboa, assinou a direção de “Os Filhos do Sol”, de Máximo Gorki, .
Em 1980, Luís de Lima voltou a dirigir, desta vez um texto do polonês Slawomir Mrozek, "Os Polícias". Como ator esteve na montagem de “Senhorita de Tacna”, de Mario Vargas Llosa, encenada por Sergio Britto, em 1981, e “O Suicídio”, de Nikolai Erdman, dirigido por Paulo Mamede, em 1982, ano em que voltou à mímica e ao dramaturgo Eugène Ionesco com “A Lição” e “A Cantora Careca”, recebendo o Golfinho de Ouro de Personalidade do Teatro. Em Quebec, no Canadá, dirigiu “A Aurora de Minha Vida”, traduzindo para o francês o texto de Naum Alves de Souza. Em 1989, encenou “Machado em Cena - Um Sarau Carioca”, uma coletânea de textos do escritor. Em 1999, atuou em “Um Equilíbrio Delicado”, de Edward Albee, com direção de Eduardo Wotzik, dividindo o palco com Walmor Chagas e Tônia Carrero.
Além de ator e diretor, Luís de Lima também foi professor de Teatro da Escola de Arte Dramática de São Paulo (EAD), criada por Alfredo Mesquita e teve atuação representativa no movimento político da classe teatral, dirigindo o Sindicato dos Artistas e Técnicos, o Sated, entre 1980 e 1985.
Na televisão, a partir de 1955, Luís de Lima foi um dos fundadores da TV Rio, onde exerceu a função de diretor de teleteatro. Entre suas façanhas, ele trouxe para a televisão a autora Janete Clair, quando escolheu obras suas do rádio para a televisão, entre elas a primeira telenovela da autora, “A Herança do Ódio”. Na TV Rio, participou, como ator, de vários teleteatros no programa “Teatro do Rio”. Em 1959, foi para a TV Tupi do Rio e atuou nos programas “Entreato” e “Grande Teatro Tupi“.
Na TV Globo, atuou nas novelas “Bravo!”; “Esperança”, no remake de “Irmãos Coragem” ; na minissérie “Os Maias” e no programa humorístico “Chico City”. Na TV Manchete integrou o elenco de “A Marquesa de Santos”; “Corpo Santo”; “Carmem”; “A História de Ana Raio e Zé Trovão” e “O Guarani”.
No Cinema, além teve papel de destaque na co-produção “Missão: Matar!”, de 1972, como o vilão que enfrentava o galã do filme interpretado por Tarcísio Meira.
Segundo o crítico Yan Michalski: "Luís de Lima, em cada uma das suas múltiplas atividades, é um autêntico profissional no mais honroso sentido da palavra. Como diretor, como ator, como mímico, como tradutor, como professor de teatro. Além disso, como dirigente sindical, ele foi construindo um instrumental especializado que aplica, de acordo com as necessidades de cada área de atuação, sem nenhuma concessão à facilidade ou à acomodação. Trata-se de um profissional que não brinca em serviço".
Na vida pessoal foi casado com Maria Luiza Splendore, mãe de seu filho, o ator e músico Luis Felipe de Lima.
Luís de Lima morreu no dia 27 de agosto de 2002, no Rio de Janeiro, aos 77 anos de idade, vitimado por uma infecção pulmonar, em meio às gravações da novela “Esperança” da TV Globo. Sua especialização em mímica conferia a seu trabalho de ator uma elaborada linguagem gestual e como ator e educador contribuiu grandemente para o desenvolvimento do moderno teatro brasileiro.
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Luís de Lima num espetáculo de mímica (1956)
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Luís de Lima e Marcel Marceau na peça O Capote, de Gogol (1951)
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Luís de Lima com Camila Amado e Jurema Magalhães no espetáculo Ionesco (1957)
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Luís de Lima com Miriam Mehler e Jurema Magalhães na peça A Lição |
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Luís de Lima com Miriam Mehler e Jurema Magalhães na peça A Lição
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Luís de Lima com Miriam Mehler e Jurema Magalhães na peça A Lição
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Luís de Lima na peça A Lição |
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Luís de Lima e Miriam Mehler na peça A Lição |
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Luís de Lima e Jurema Magalhães no espetáculo A Lição
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Luís de Lima e Glauce Rocha na peça A Lição |
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Luís de Lima e Glauce Rocha na peça A Lição
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Sadi Cabral, Suzi Arruda, Diana Morel e Luís de Lima na peça A Cantora Careca |
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Sadi Cabral, Suzi Arruda, Diana Morel e Luís de Lima na peça A Cantora Careca |
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Luís de Lima e Rogério Fróes na peça A Agonia do Rei |
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Luís de Lima na peça A Agonia do Rei
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Luís de Lima e Glauce Rocha na peça A Agonia do Rei
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Luís de Lima e Dulcina de Moraes em cena do espetáculo Tchin-Tchin, de François Billetdoux, cartaz do teatro Dulcina, Rio de Janeiro, em 1963
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Luís de Lima, Paulo Gracindo, Dayse Lucidy e Leonardo Villar na peça O Preço
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Luís de Lima, Paulo Gracindo, Dayse Lucidy e Leonardo Villar na peça O Preço |
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Luís de Lima na peça O Rinoceronte
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Luís de Lima na peça O Reformador do Mundo (1994
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Luís de Lima e Gaetano Gherardi na peça Armadilha para um Homem Só |
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Luís de Lima com Maria Della Costa e Fernando Balleroni na peça Armadilha Para um Homem Só |
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Luís de Lima com Maria Della Costa na peça Armadilha Para um Homem Só
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Luís de Lima, Maria Della Costa e Sandro Polloni na peça Armadilha Para um Homem Só |
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Luís de Lima com Ítala Nandi e Ary Fontoura na peça Vivaldino, Criado de Dois Patrões |
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Luís de Lima e Tônia Carrero na peça Casa de Bonecas |
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Luís de Lima e Tônia Carrero na peça Casa de Bonecas |
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Tônia Carrero e Luís de Lima na peça Teu Nome é Mulher |
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Tônia Carrero e Luís de Lima na peça Teu Nome é Mulher
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Tereza Rachel, Luís de Lima, Regina Rodrigues e Ana Lúcia Torre na peça Senhorita de Tacna |
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Ana Lúcia Torre, Luís de Lima, Tereza Rachel, Dema Marques e Sergio Britto em Senhorita de Tacna |
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Sergio Britto, David Pinheiro e Luís de Lima na peça A Gaivota |
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Sergio Britto, David Pinheiro e Luís de Lima na peça A Gaivota |
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Sergio Britto, David Pinheiro e Luís de Lima na peça A Gaivota |
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Renata Sorrah e Luís de Lima na peça A Gaivota |
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Monah Delacy, Helio Ari e Luís de Lima na peça A Gaivota |
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Luís de Lima na peça A Gaivota
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Luís de Lima na peça A Gaivota
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Sergio Britto, David Pinheiro, Luís de Lima e Carlos Augusto Strazzer na peça A Gaivota
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Luís de Lima e Carlos Augusto Strazzer na peça A Gaivota
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Luís de Lima com Rodrigo Santiago e Ítalo Rossi na peça Os Veranistas |
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Luís de Lima na peça Os Veranistas |
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Luís de Lima e Renata Sorrah na peça Os Veranistas |
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Luís de Lima e Dina Sfat na peça O Oráculo |
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Luís de Lima e Dina Sfat na peça Dom Pirlimplin e Belisa em seu Jardim (1985) |
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Luís de Lima e Dina Sfat no espetáculo A Irresistível Aventura, composto de três peças curtas |
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Thaís Portinho, Ariel Coelho, Grande Otelo, Luís De Lima e Sura Berditchevsky numa montagem da peça A Cantora Careca |
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Thaís Portinho, Sura Berditchevsky, Luís De Lima e Grande Otelo numa montagem da peça A Cantora Careca |
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Grande Otelo, Sura Berditchevsky e Luís de Lima numa montagem da peça A Cantora Careca |
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Sura Berditchevsky e Luís de Lima numa montagem da peça A Cantora Careca
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Ariel Coelho, Grande Otelo e Luís De Lima numa montagem da peça A Cantora Careca |
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Luís de Lima e Walmor Chagas na peça Um Equilíbrio Delicado |
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Luís de Lima e Tônia Carrero na peça Um Equilíbrio Delicado
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Luís de Lima, Camila Amado, Ítala Nandi, Tônia Carrero, Clarice Nesquier e Walmor Chagas na peça Um Equilíbrio Delicado |
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Luís de Lima como Bernardo no filme francês O Salário do Medo (1953) |
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Luís de Lima no filme Missão: Matar |
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Luís de Lima no filme Missão: Matar |
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Luís de Lima no filme Missão: Matar |
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Luís de Lima com o dramaturgo português Alexandre Babo e o dramaturgo romeno Eugène Ionesco
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Luís De Lima, Hélio Ary, Célia Biar,Tônia Carrero, Maria Zilda, Ednei Giovenazzi e Adolfo Celi comemorando o sucesso da peça Teu Nome é Mulher |
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Célia Biar, Adolfo Celi, Luís De Lima e Tônia Carrero comemorando o sucesso da peça Teu Nome é Mulher |
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Wladimir Gonçalves, Luís De Lima, Célia Biar, Tônia Carrero, Hélio Ary, Ednei Giovenazzi, Adolfo Celi e Maria Zilda comemorando o sucesso da peça Teu Nome é Mulher |
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Luís de Lima, Nívea Maria e Amilton Fernandes na novela A Herança do Ódio (TV Rio, 1966), escrita por Janete Clair, baseada numa radionovela de Oduvaldo Viana |
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Luís de Lima e Camila Amado no teleteatro Amor em 3D
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Luís de Lima e Camila Amado no teleteatro Amor em 3D
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Luís de Lima no teleteatro Amor em 3D
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Luís de Lima no teleteatro Amor em 3D |
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Luís de Lima e Henriette Morineau no teleteatro A Lição, para a série Aplauso (TV Globo, 1979) |
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Luís de Lima e Suzana Faíni no teleteatro Águas Claras (TVE, 1980)
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Luís de Lima e Suzana Faíni no teleteatro Águas Claras
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Nildo Parente, Pedro Veras, Luís de Lima e Ada Chaseliov no teleteatro Águas Claras
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Luís de Lima e Ada Chaseliov no teleteatro Águas Claras
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Ada Chaseliov, Luís de Lima, Suzana Faini, Yara Amaral, Nildo Parente e Pedro Veras no teleteatro Águas Claras
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Luís de Lima, Neuza Amaral e Carlos Alberto na novela Bravo! (TV Globo, 1975) |
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Luís de Lima, Bete Mendes e Cláudio Cavalcanti na novela Bravo! (TV Globo, 1975)
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Luís de Lima com Bibi Vogel na novela Bravo! |
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Lu´s de Lima e Bibi Vogel na novela Bravo! |
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Luís de Lima com Cláudio Cavalcanti e Bibi Vogel na novela Bravo! |
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Luís de Lima e Maitê Proença na novela A Marquesa de Santos (TV Manchete, 1984) |
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Luís de Lima e Maria Padilha na novela Dona Beija (TV Manchete, 1986) |
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Luís de Lima, Thereza Amayo, Rosita Tomaz Lopes e Maurice Vaneau na novela Carmem (TV Manchete, 1987) |
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Luís de Lima e Gloria Perez, a autora da novela Carmem |
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Fotos - acervo de Orias Elias - revistas
Amiga (Bloch Editores), Contigo (Editora Abril), Sétimo Céu (Bloch Editores), Romântica (Editora Vecchi), Melodias (Editora APA), Manchete (Bloch Editores), Cartaz (Rio Gráfica e Editora SA), Intervalo (Editora Abril), Ilusão (Editora Abril), O Cruzeiro (Diários Associados), Jornais
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