segunda-feira, 16 de outubro de 2017

GRANDES NOVELISTAS - DIAS GOMES

Alfredo de Freitas Dias Gomes, em artes Dias Gomes, nasceu em Salvador (BA) no dia  19 de outubro de 1922. Filho de Alice Ribeiro de Freitas Gomes e do engenheiro Plínio Alves Dias Gomes. Em 1935, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro. Em 1937, aos 15 anos, escreveu sua primeira peça, A Comédia dos Moralistas.  Sua estréia no teatro profissional foi em 1942, com a comédia Pé de Cabra, encenada por Procópio Ferreira.

Em 1944, Dias Gomes aceitou um convite de Oduvaldo Vianna para trabalhar em São Paulo na recém-inaugurada Rádio Panamericana, escrevendo adaptações de peças, romances e  contos para o programa Grande Teatro Panamericano. No ano seguinte, transferiu-se para a Rádio Tupi-Difusora, em São Paulo, onde participou do programa A Vida das Palavras. Nessa mesma época, ingressou no Partido Comunista, no qual permaneceu até 1971.

Foi no ambiente radiofônico que Dias Gomes conheceu  aquela que viria a se tornar sua segunda esposa, Janete Clair, com quem  se casou em 1950 e viveu até a morte dela em 1983. Em 1984 casou-se com a atriz Bernadeth Lyzio. Ficaram juntos até a morte do autor, em 1999.

Autor de dezenas de peças de teatro, a maioria delas censuradas durante a ditadura militar, Dias Gomes é considerado um dos grandes dramaturgos do teatro brasileiro. Entre suas peças mais famosas, estão  O Pagador de Promessas, O Santo Inquérito, O Berço do Herói, Odorico - o Bem Amado, Amor em Campo Minado, o Rei de Ramos, A Invasão e Os Campeões do Mundo.

Demitido da Rádio, devido ao seu envolvimento com o Partido Comunista, Dias Gomes aceitou, em 1969,  o convite de Boni, então presidente da Rede Globo, para escrever novelas para a televisão. Sua estréia se deu com A Ponte dos Suspiros, sob o pseudônimo de Stela Calderon.  Em seguida vieram grandes novelas para o horário das 10 da noite na TV Globo, como Verão Vermelho, Assim Na terra Como no Céu, Bandeira 2, O Bem Amado, O Espigão, Saramandaia, Sinal de Alerta e Roque Santeiro.

A partir dos anos 1980, Dias Gomes escreveu poucas novelas e algumas minisséries.
Autor também de alguns romances, Dias Gomes foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 11 de abril de 1991, ocupando a cadeira 21, na vaga de  Adonias Filho.


Dias Gomes morreu em São Paulo no dia  18 de maio de 1999, aos 76 anos de idade, num acidente automobilístico ocorrido na Av. 9 de Julho, quando o táxi em que estava com sua mulher foi abalroado por um ônibus.  O Brasil chorou a perda de um dos seus maiores dramaturgos.


Dias Gomes

Dias Gomes

Dias Gomes

Dias Gomes

Dias Gomes
Dias Gomes

Dias Gomes

 






Dias Gomes e Bernadeth Lyzio

Dias Gomes - homenagem da revista Amiga

Dias Gomes no filme O Ébrio (1946)


Carlos Alberto e Yoná Magalhães protagonizaram a primeira novela de Dias Gomes, A Ponte dos Suspiros (TV Globo, 1969)

Yoná Magalhães, a mocinha e Jardel filho, o vilão em A Ponte dos Suspiros 

Carlos Alberto e Yoná Magalhães em  Ponte dos Suspiros. Anos depois a atriz se tornaria uma das favoritas do autor, atuando em outras 3 novelas.  

Verão Vermelho (TV Globo, 1970) teve Paulo Goulart, Dina Sfat, Jardel Filho e Arlete Salles nos principais papéis.

Jardel Filho e Dina Sfat em Verão Vermelho. Jardel foi um dos atores preferidos de Dias Gomes e atuou em 5 novelas do autor.

 Paulo Goulart, Dina Sfat e Jardel Filho, os protagonistas de Verão Vermelho

Francisco Cuoco e Dina Sfat protagonizaram Assim na Terra como no Céu (TV Globo, 1970/71).

Francisco Cuoco e Renata Sorrah em Assim na Terra como no Céu

Jardel Filho, Mário Lago e Maria Cláudia também integraram o elenco de Assim na Terra como no Céu

Francisco Cuoco e Dina Sfat em Assim na Terra como no Céu
Bandeira 2 (TV Globo, 1971/72)

Bandeira 2 foi um sucesso estrondoso e marcou a parceria de Dias Gomes com Paulo Gracindo, ator que deu vida ao inesquecível bicheiro Tucão. Marilia Pêra também teve papel de destaque na trama. 

Paulo Gracindo e Milton Morais em Bandeira 2. A novela teve como base a peça O Rei de Ramos  

Paulo Gracindo e José Wilker em Bandeira 2  

Ary Fontoura e Eloísa Mafalda em Bandeira 2. Uma dupla de ouro, presente em diversas outras novelas do autor.  

José Augusto Branco e Marília Pêra, par romântico de Bandeira 2  

Paulo Gracindo e Felipe Carone em Bandeira 2 eram dois bicheiros rivais: Tucão e Jovelino Sabonete. Uma dupla impagável. 

Paulo Gracindo com Ilka Soares e Felipe Carone em Bandeira 2  

Um estrondoso sucesso em cores: O Bem Amado. Paulo Gracindo (Cel Odorico) e Lima Duarte (Zeca Diabo) deram um show. 

Baseada na peça Odorico, o Bem Amado, a novela reuniu Paulo Gracindo e Jardel Filho e marcou a estréia de Sandra Bréa como estrela, substituindo Dina Sfat, que ficara grávida.

Zeca Diabo (Lima Duarte) e as Irmãs Cajazeiras (Ida Gomes, Dorinha Duval e Dirce Migliaccio), personagens inesquecíveis em O Bem Amado 

Paulo Gracindo, Emiliano Queiroz e Lima Duarte, trio de ouro em O Bem Amado 

Odorico Paraguaçu (Paulo Gracindo) e as donzelas juramentadas Judicéia (Dirce Migliaccio), Dulcinéia (Ida Gomes) e Dorotéia (Dorinha Duval)  em O Bem Amado 

O Espigão (TV Globo, 1974)

Milton Morais foi Lauro Fontana, o protagonista de O Espigão, um inescrupuloso empresário que trava uma luta implacável com os herdeiros de um casarão no bairro de Botafogo (RJ), onde quer construir um grande hotel, o Fontana Sky. Levou todos os prêmios de melhor ator de televisão do ano. 

 Milton Morais e Lutero Luiz em O Espigão, uma das melhores novelas de Dias Gomes 

Milton Morais (Lauro Fontana) e Suely Franco (Cordélia) em O Espigão. O papel da milionária e ciumenta dondoca, obcecada por engravidar de um marido estéril,  foi inicialmente oferecido a Fernanda Montenegro, que não pode aceitar devido a compromissos no teatro. Suely, que vinha de um grande sucesso na peça A Capital Federal arrasou no papel

Um dos mais saborosos núcleos de O Espigão era o trio de trambiqueiros formado por Lazinha Chave de Cadeia (Betty Faria), Dico (Rui Resende) e Nonô, Alegria das Gringas (Milton Gonçalves) 

Ary Fontoura (na foto com Betty Faria) mais uma vez arrasou no papel do soturno  Prof. Baltazar Camará, que tinha como fetiche colecionar cachinhos de cabelos femininos em O Espigão

O núcleo formado pelo Irmãos Camará (Vanda Lacerda, Ary Fontoura, Carlos Eduardo Dolabella e Suzana Vieira) estava entre os principais de O Espigão

Carlos Eduardo Dolabella (Marcito),  Suzana Vieira (Tina), Ary Fontoura (Baltazar) ,Vanda Lacerda (Urânia) e Tomil Gonçalves (Carlinhos) compunham a exótica família Camará, que se recusam a vender o solar onde moram para o obstinado Lauro Fontana construir no terreno o seu espigão.
Cláudio Marzo e Débora Duarte, grandes atuações em O Espigão

Mário Lago, Rosamaria Murtinho e Mauro Mendonça tiveram papéis marcantes em O Espigão


Dias Gomes e o fabuloso elenco de O Espigão
Em 1975 Dias Gomes escrevia a novela A Fabulosa História de Roque Santeiro e Sua Fogosa Viúva, a Que Era Sem Nunca Ter Sido, secretamente baseada em sua peça O Berço do Herói, que estava proibida pela censura. Quando os censores, através de escutas telefônicas,  descobriram o fato, vetaram a exibição da novela na semana da estréia. Betty Faria seria a Viúva Porcina  e Lima Duarte, o Sinhozinho Malta. Dez anos depois a TV Globo retomaria o projeto. Betty recusou o papel e Regina Duarte entrou em seu lugar. 

Saramandaia (TV Globo, 1976) foi a empreitada seguinte de Dias Gomes. Era uma ousada história com personagens bizarros, dentro do estilo batizado como realismo fantástico. Juca de Oliveira era o João Gibão, um homem que possuía asas.
Os magníficos Dina Sfat e Ary Fontoura, atores do time de preferidos de Dias Gomes, em Saramandaia eram Dona Rizoleta, a dona de uma casa de "diversões" masculinas, apaixonada pelo sinistro Professor Aristóbulo, que em noites de lua cheia se transformava em lobisomem

Antônio Fagundes fazia sua estréia na TV Globo, fazendo par romântico com Yoná Magalhães. Lua e Zélia eram os apaixonados da história.

A grande Eloísa Mafalda viveu a parteira da cidade, Dona Maria Aparadeira
A explosão de Dona Redonda (Wilza Carla) foi um dos grandes momentos de Saramandaia
Wilza Carla  em Saramandaia

Juca de Oliveira (João Gibão) e Sônia Braga (Marcina) formavam um casal exótico em Saramandaia. Ele tinha asas e ela incendiava a cama nos momentos de desejo.

o elenco de Saramandaia
Com Sinal de Alerta (TV Globo, 1978), a TV Globo encerrava temporariamente seu horário de novela das 10. Paulo Gracindo, mais uma vez, protagonizava uma novela de Dias Gomes, vivendo Tião Borges, dono de uma fábrica de fertilizantes às voltas com funcionários grevistas e uma ex-mulher vingativa. Vera Fischer era Sula, uma moça casadoira, protegida por tias beatas,  com quem o ricaço sonhava casar-se.

Jardel Filho interpretou o oportunista Rui Caravaglia, contratado por Tião Borges para seduzir sua temida ex-mulher Talita Borges (Yoná Magalhães), editora de um jornal que movia intensa campanha contra as fábricas poluidoras do ex-marido e, por vingança, se recusava a lhe dar o divórcio, impedindo-o de se casar com uma nova namorada, uma recatada virgem, vigiada por um quarteto de tias beatas.

Integrantes do elenco de Sinal de Alerta


Em 1985, 10 anos depois de ser censurada, Roque Santeiro foi finalmente ao ar, tendo Regina Duarte e Lima Duarte no elenco. Dias Gomes dividiu a redação da novela com Aguinaldo Silva. O sucesso foi absoluto, resultando uma das melhores e mais bem sucedidas telenovelas de todos os tempos. 
Lima Duarte (Sinhozinho Malta), Regina Duarte (Viúva Porcina) e José Wilker (Roque), os protagonistas de Roque Santeiro

Em Roque Santeiro Yoná Magalhães viveu a exuberante Matilde, dona da boate local, perseguida pelas beatas da cidade. As "meninas" da cafetina eram as beldades  Ninon (Cláudia Raia) e Rosali (Isis Oliveira).

Roque Santeiro deu a Armando Bógus um de seus melhores momentos na televisão, o ambicioso Zé das Medalhas.

Ary Fontoura foi o prefeito pau mandado Florindo Abelha e Eloísa Mafalda, sua mulher Dona Pombinha, a líder das beatas de Asa Branca. Atuações memoráveis.

Othon Bastos (na foto com Yoná Magalhães) esbanjou charme e talento na pele do gigolô Ronaldo César em Roque Santeiro

 Mandala (TV Globo, 1987/88), foi uma novela problemática, escrita em parceria com Marcílio Morais. A idéia era adaptar a clássica história de Édipo, mas esbarrou na censura que não viu com bons olhos a história do filho que se apaixona pela mãe, sem o saber. Os rumos da história tiveram que ser mudados. Jocasta foi vivida por Vera Fischer e a grande atração da novela foi o grosseiro e charmoso bicheiroTony Carrado vivido com muita graça por Nuno Leal Maia. 

Felipe Camargo, na época um promissor galã, viveu Édipo e a deusa Vera Fischer foi Jocasta em Mandala. Fora das telas o casal viveu uma intensa paixão que terminaria anos depois de forma traumática e afetaria negativamente a carreira de ambos.  

Vera Fischer e Felipe Camargo em Mandala
Felipe Camargo com Ângela Leal, sua mãe adotiva em Mandala
O Pagador de Promessas (TV Globo, 1988) foi uma minissérie baseada no obra teatral homônima do autor. A censura implicou com o excesso de política da obra, e a direção da TV Globo acabou  reduzindo-a a 8 capítulos e sem maior sucesso. José Mayer (Zé do Burro) e Denise Milfont (Rosa) eram os protagonistas 

Joana Fomm e Nelson Xavier também tiveram papéis de destaque em O Pagador de Promessas 

Tarcísio Meira e Christiane Torloni foram os atores de Araponga (TV Globo, 1990/91), escrita em parceria com Lauro César Muniz e Ferreira Gullar

Tarcísio Meira e Taumaturgo Ferreira em Araponga

Miguel Falabella e Patricia Pillar foram os astros da bem sucedida minissérie As Noivas de Copacabana (TV Globo, 1992). Contava a história de um serial killer, obcecado por matar suas vítimas vestidas de noivas.

Edson Celulari protagonizou a minissérie Decadência (TV Globo, 1995)

Edson Celulari (Pastor Mariel Batista) e Zezé Polessa (a obreira Jandira), excelentes na minissérie Decadência, uma ácida crítica aos pastores evangélicos oportunistas.

Edson Celulari com Paulo José numa cena da minissérie Decadência

José Wilker e Maitê Proença na novela O Fim do Mundo (TV Globo, 1996). Concebida como uma mini novela, não foi bem de audiência.

Edson Celulari, Giulia Gam e Marcos Nanini  a minissérie Dona Flor e Seus Dois Maridos (TV Globo, 1998), adaptada da obra de Jorge Amado

Edson Celulari, Giulia Gam e Marcos Nanini  a minissérie Dona Flor e Seus Dois Maridos

Edson Celulari, Giulia Gam e Marcos Nanini  a minissérie Dona Flor e Seus Dois Maridos


Leonardo Villar no filme O Pagador de Promessas (1960), premiado com a Palma de Ouro no Festival de Cannes

Leonardo Villar e Glória Menezes no filme O Pagador de Promessas

Regina Duarte na peça O Santo Inquérito

 





Fotos - acervo de Orias Elias - revistas Amiga (Bloch Editores), Contigo (Editora Abril), Sétimo Céu (Bloch Editores), Romântica (Editora Vecchi), Melodias  (Editora APA), Manchete (Bloch Editores), Cartaz (Rio Gráfica e Editora SA), Intervalo (Editora Abril), O Cruzeiro, Jornais Diário de São Paulo, Folha de São Paulo, Imprensa Oficial, Blog TUDO ISSO É TV (Césio Gaudereto), site TV Globo, Site Canal Viva, Cedoc (TV Globo), sites diversos da Internet 

Um comentário:

  1. Viva a obra de Dias Gomes ! Se vivo fosse faria 100 anos agora no dia 19-10-2022

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